A imitação faz parte de qualquer aprendizado. Normalmente, os primeiros passos de um artista em qualquer área se resumem a copiar grandes mestres a fim de entender e aprender suas técnicas. Na música, não é diferente. Ter referências de sonoridade e técnicas ajuda-nos a ir definindo um objetivo que desejamos alcançar.

A outra fase do longo processo de aprendizagem é a adaptação, quando o aluno consegue usar frases ou trechos “copiados” de outros músicos, fazendo pequenas modificações para que se adaptem a outros contextos. E este é um ponto muito importante no desenvolvimento.

Por fim, a criação livre consiste em, após ter domínio de diversas técnicas e recursos, o estudante tentar, por conta própria, aplicar tais técnicas na resolução de diferentes situações harmônicas, melódicas e/ou rítmicas. Este seria o momento mais original de produção musical do aluno. Contudo, é necessário ter em mente que “originalidade” é uma palavra relativa, pois sempre carregaremos referências de sons e de músicos que admiramos. A grande questão é o desenvolvimento, com o passar do tempo, de um estilo próprio, que normalmente é repleto de influências, mas com bons traços de personalidade. Na música popular, é essa personalidade na execução e criação que valoriza o músico. Por exemplo, gosto muito de ouvir gravações do grande violonista brasileiro Raphael Rabello, mas não quero ouvir outros dez violonistas tocando igual ao saudoso mestre. Que cada um tenha seu próprio estilo, seu próprio “molho”.

O caminho do estilo individual passa por selecionarmos coisas que adoramos ouvir e tocar e ir ampliando as possibilidades daquilo, modificando, experimentando… mas sempre buscando um jeito pessoal de tocar, que não macule a técnica, mas que seja nosso jeito de interpretar e tocar. Quanto mais você aprende e descobre sobre o instrumento, mais possibilidades tem. Logo, nunca limite a si próprio; estude coisas novas, sempre buscando evoluir tecnicamente rumo às lições mais avançadas, adaptando coisas que você gosta, testando ideias. Dessa mistura um pouco complexa e indefinida nasce o estilo pessoal.

Abraços!

Lúcio Medeiros